quarta-feira, 31 de julho de 2013

“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.” (Simone de Beauvoir)

                                                               Simone de Beauvoir

                    O exercício da escrita, algumas vezes torna-se uma tarefa árdua, há dias que não encontramos  palavras ou algo que queira realmente ir para o papel,  entre um hiato e outro, me distraio com um fato curioso que aconteceu recentemente na cidade, via FACEBOOK e me levou a uma tentativa de reconstrução do pensamento humano em relação a posição que a mulher ocupa na sociedade e como tudo isso foi se desenvolvendo até chegarmos aqui. Grosso modo, podemos dizer que a figura feminina, parte de sagrada (no sentido de geradora de vida), nas sociedades primitivas, para “pecadora e nociva”  até aproximadamente  do século XVIII com o final da inquisição, porém, até chegar ai, a coisa toda já tinha desandado, a implantação da sociedade patriarcal, com o forte apoio da religião, em especial o cristianismo e seguindo com sistema capitalista – foram fundamentais, para a condição de “inferioridade” e opressão que o gênero feminino encontra-se hoje, apesar de lutas de grandes mulheres em todas as épocas.
                    As questões culturais são tão incisivas e calcificadas, que com o passar do tempo, passam a ser repetidas, como se fossem a única verdade, a única maneira de se estar no mundo, basta olhar ao passado para percebermos o caminho percorrido  até chegarmos hoje à discussão sobre repressão sexual e orgasmo ou casamento e maternidade – fica claro a reprodução (inclusive por nós, mulheres) do pensamento machista em nossas pequenas ações diárias.  .
                    Pensei em mulheres que escandalizaram suas épocas, pensei em Leila Diniz, que chocou a sociedade nos anos 60 exibindo sua gravidez usando um biquíni e declarando abertamente seu gosto por sexo e liberdade, pensei em Pagú, seu cigarro, suas blusas transparentes e seu posicionamento político, Simone de Beauvoir, suas ideias seus escritos, seu legado,  todas as suas reflexões tão certeiras a respeito da mulher, recordei  as conquistas principalmente na questão trabalhistas e de direitos sociais, porém, com certa tristeza percebi que em relação a construção do pensamento, pouca coisa caminhou, o corpo feminino continua tabu, o aborto, a opção por não ser mãe, por não ser esposa, ainda é vista com muito preconceito, as mulheres são cobradas  pela sociedade (que é feita de homens e mulheres), na questão de “construir família”, aquela tradicional com marido e filhos, de quebra um animal de estimação.
                    Talvez o que nos falte é fazer perguntas, o ensino formal não ensina a perguntar, ele dá respostas prontas, padronizadas, sempre reforçando os interesses dos mais “poderosos”. Perguntas simples como  -Por que eu não posso? Quem quer assim?  Tem que ser deste jeito?   pequenas reflexões diárias, cotidianas, frente  à fatos corriqueiros, como a escolha de uma roupa, de uma amizade, de um comportamento  – mudanças internas que verdadeiramente farão a diferença. Construir o próprio pensamento em relação à pequenas atitudes, valorizando o bem estar que isso proporciona e a liberdade de poder escolher, dá trabalho, incomoda os “outros”, mas pode ser muito prazeroso e nos livrar do “senso comum” e livrar o próximo de nossos julgamentos. A mulher tem direitos absolutos sobre o próprio corpo, o que vestir, e o que fazer com ele é decisão única e exclusivamente dela. é hora de começar a exercer este direito.
                    Em relação à foto que “deu o que falar” na última semana, provocando comentários (homens e mulheres) desagradáveis e pasmem  “copiada para celulares e arquivos pessoais”(?), devido a uma transparência que Juliana Finardi exibe, com muita categoria diga-se de passagem, devo dizer que me escandaliza sim, o número de crianças que morrem de fome e desnutrição, as filas intermináveis no sistema público de saúde, os homicídios por banalidades que acontecem diariamente, a corrupção descarada e legitimada no poder publico e entre tantas outras coisas, a hipocrisia.  

                      “mulheres bem-comportadas não fazem história”.  Maria Shiver


                            

                                   
                                    Leila Diniz escandalizou a sociedade nos anos 60 exibindo
                                     sua gravidez em fotos usando um biquini



                                        
                                       Juliana Finardi, uma das mulheres mais bonitas da região,
                                           com toda personalidade, optou pela transparência.
                                                                (foto: Beto Prestes)
  
                                    
*Foto e texto, autorizados pela modelo

Feito tatuagem...

                                                  Wina Brasil - tatuadora da Brasil TATTOO
 
Quando fazia  faculdade de Artes Cênicas, tive um professor que dizia: “não importa o assunto, se for estudado amplamente, agrega conhecimento de um modo geral, “tudo tem a ver com o todo”, pude novamente comprovar isso, pesquisando sobre o tema que escolhi para esta semana: TATUAGEM. Há registros da prática de tatuagem em civilizações de mais cinco mil anos - o caso de “Otzi,” O Homem do gelo, encontrado em 1991 nos Alpes -, em múmias do antigo Egito, o que reforça a afirmação de Darwin que “nenhuma nação desconhecia a arte da tatuagem”, cada povo com seu propósito e sua técnica. Podemos perceber, através de leituras, a relação com a natureza, com Deus, com  hierarquia social, para simbolizar força,  coragem, beleza e até “feiura”, como no caso das “Mulheres da Birmânia”, onde os mais velhos tatuavam o rosto das jovens para que estas não fossem levadas pelos reis ou o caso dos integrantes da YAKUZA, dos presidiários russos, dos presos brasileiros, descritos no Livro Estação Carandiru, no qual Dráuzio Varela detalha o significado de cada marca nos detentos. Histórias curiosas, divertidas e algumas vezes tristes, percebemos no meio disso tudo, a ação devastadora de sonhos e crenças praticada pelo “conquistador”. As transformações da técnicas e a utilização em cada sociedade, a evolução até chegar no aperfeiçoamento (equipamento atual)  da maquina inventada por Thomas Edson, a preparação de pigmentos nas tribos primitivas, o uso da própria urina do tatuado (presídios brasileiros), misturada a cinzas de borracha queimada, a crença da necessidade de que o número de tatuagens no corpo seja ímpar, tatuados que vendem a pele para colecionadores, um universo rico e interessantíssimo a ser descoberto.
                    Wina Brasil, tatuadora há onze anos na cidade e quem indicou grande parte do material de pesquisa, conversou comigo a respeito dos cuidados, da higienização do ambiente de trabalho e do material, da qualidade dos produtos utilizados, da responsabilidade da profissão, que interfere de forma permanente na estética corporal do cliente e o que mais me chamou atenção, “a escolha da imagem a ser tatuada”. A definição do desenho, símbolo/signo, que irá acompanhar o “tatuado” para o resto de sua vida. A tatuadora, conta-me que a primeira conversa que tem com a pessoa que solicita seu trabalho, é a respeito da relação da imagem escolhida com a sua história pessoal, com o caminho que escolheu trilhar. Wina diz, que se não há uma real identificação, a tatuagem pode enjoar logo, acontece principalmente quando a opção é por simples “modismo”, mas que maioria dos clientes já estão decididos e pesquisaram o significado da imagem que escolheram, que geralmente está relacionado, com uma crença, uma homenagem, uma marco para uma nova fase, as explicações são as mais diferentes possíveis, assim como o significado dos símbolos,    que variam conforme a cultura nas quais estão inseridos, a posição que estão colocadas e até a parte do corpo que serão “impressas”,  desde, dragões, tigres, corujas, apanhador de sonhos, ganeshas, mandalas, Kanji, caveiras mexicanas, hannyas, o polêmico “olho que tudo vê”,  até moranguinhos, cerejinhas,borboletas, corações, rostos de pessoas queridas enfim, uma infinidade de imagens e símbolos colorindo e alterando o corpo de quem os carrega.

                     Ideologia, fé, gratidão, poder, vício, “gosto”, ou outro motivo qualquer, uma imagem tatuada por um bom profissional e acertadamente escolhida, dá um charme particular, levanta o astral,  pode ser uma inspiração para o dia-a-dia. Como diz Wina Brasil, “colorir o corpo e levar cor para a alma”  
                   




                                                Wina Brasil


                                                     Wina Brasil



                                                    mulher da Birmânia, com o rosto tatuado


                                     Maud Wagner - provável primeira tatuadora norte americana  

                                 
                                           tatuagem no globo ocular - (Luna Cobra)



MARACATU Alvorada Nova




                    Um “novo amanhecer” desenha-se no horizonte de Foz do Iguaçu, com a chegada desta riquíssima manifestação cultural que nasceu em Pernambuco, provavelmente no século XVIII, a partir de elementos da cultura negra trazida pelos escravos de várias regiões da África (nações), juntando-se aos costumes dos povos europeus em especial o português e o espanhol e com uma pitada de tempero indígena: o Maracatu.   Cortejo, acompanhado de música (essencialmente percussão), canto e dança, com personagens definidos, rei, rainha, príncipes, princesas, baronesas, duques, embaixadores, porta-estandarte - que carrega a bandeira da “nação/grupo” – baianas, damas-do-paço, que levam  as “calungas” – bonecas gigantes que representam antepassados – entre outros personagens “menores”, uma festa  folclórica com raízes religiosas, que toma conta dos festejos de carnaval, principalmente em Recife e Olinda, com adeptos e grupos reconhecidos e atuantes, espalhados por todos os estados brasileiros, marcando  o resgate e reconhecimento da identidade deste povo de grandiosa diversidade cultural.   
                   Alison Capelari, responsável pela formação do “Alvorada Nova”, há mais de cinco anos, dedica-se ao estudo e prática do Maracatu,  teve seu primeiro contato em Londrina, através de um grupo de universitários, participou de oficinas com profissionais vindos de Recife, formou grupos, trabalhou em projetos sociais e convidado pela Fundação Cultural, chegou no início deste ano na nossa cidade, com o objetivo de fortalecer e divulgar o Maracatu na região.  Com aproximadamente 40 participantes, o grupo começa a tomar forma, já participaram da oficina de construção de “alfaias”, tambores que marcam o ritmo das “toadas” (canções entoadas durante o cortejo) e cada participante começa a definir seu papel dentro deste universo, que diz tanto sobre nosso passado, nos ensina a reconhecer e aceitar o outro e permitir “alteridades”.  Como educador social, nosso “Mestre da Percussão”, com o olhar sempre voltado para inclusão, vê nesta oportunidade, possibilidades da formação de um movimento que além da valorização dos folguedos tipicamente brasileiros, levante a bandeira contra o “preconceito” em relação a manifestações de origem africanas e indígenas, que ainda é significativo, embora “apreciemos com satisfação, um delicioso quindim, pé-de-moleque, acarajé, mandioca, tapioca preferencialmente deitados em uma bela rede”, um tanto “deselegante”, para um país que tem como principal característica a mistura de raças.
                   Neste primeiro momento, explica Alison, a preocupação é envolver as pessoas com a dança e a música, para depois, com os participantes ampliando seus conhecimentos sobre a história, formação, as diferentes vertentes desta celebração e domínio dos instrumentos, desenvolver e trabalhar a questão “teatral” de personagens, da própria coroação dos reis (encenação da história), das coreografias específicas, figurinos e todos os detalhes que envolvem uma legítima apresentação de Maracatu.  Enquanto este dia não chega, todas as terças 20hs e sábados 13hs, no Teatro Barracão, o ritmo toma conta do ambiente, tambores, caixas, gonguês, atabaques, agbês, soam cada um em seu timbre, o Mestre puxa o canto, o coro responde cantando, tocando e dançando, impossível não se envolver na energia que pulsa com a batida do coração e leva alegria pelas veias.  Viva as festas populares!  Viva as diferenças!  Viva o MARACATU!

O melhor produto do Brasil, ainda é o brasileiro” (Câmara Cascudo)











Dançando a vida com Adriana Gomes

           






              Considerada a mais antiga das manifestações artísticas, a dança esteve presente em rituais sagrados, em casamentos, em funerais, na preparação de guerreiros, dançava-se em agradecimento pelas vitórias, para que viesse a chuva, para receber as estações do ano, para semear e colher, enfim, dançar tem sido ao longo do tempo, comunicar, encantar, relacionar-se com o sagrado, com o outro,  estar em harmonia, em equilíbrio (mente e corpo), dançar é celebrar a vida, dar espaço para que o espírito desenhe seu movimento, escreva seus anseios no espaço.
               Não podemos datar exatamente, quando surgiu esta expressão humana, mas através de pinturas de povos primitivos, podemos ter uma ideia da “idade” deste exercício tão prazeroso e das modificações que sofreu durante toda a “evolução”.  Presentes nos principais acontecimentos e festividades, ainda hoje, dançarinos/bailarinos, vêm seduzindo o público e em festas mais “populares”, convidando-o para entrar na roda, tornando todos, um único corpo e restituindo o elo perdido com a própria essência.
               Nesta opção em escrever sobre a Dança, tive a felicidade de conhecer Adriana Gomes, uma artista do movimento, com sua dança visceral, dramática e ao mesmo tempo, leve, graciosa e carregada de sentimentos, nela tudo dança em perfeita harmonia, seus olhos, suas mãos, seu coração, impossível presenciar e não sair modificado é contagiante e verdadeira.  Formada em Educação Física pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), fez especialização em dança pela Universidade Gama Filho em Florianópolis, viveu a vida dançando, bailarina clássica, não esconde sua paixão pela dança contemporânea, pela liberdade, teatralidade e simplicidade que a vertente permite e tem como referências os trabalhos de Pina Bausch e Deborah Colker. Atualmente está à frente como proprietária, professora e administradora, de um Centro de Artes, que oferece além de 14 modalidades de dança, experiências nas áreas de teatro, circo e contato com cenografia voltada para espetáculos de dança, tudo em um mesmo espaço convivendo de forma interdisciplinar e esta maneira de conduzir o trabalho, tem rendido belos frutos, com grupos de alunos participando do Festival de Dança de Joinville – considerado o maior da America Latina- ainda, alunos que passaram pela escola fazendo parte do Balé Guaíra e no Núcleo BOLSHOI, de Joinville.
                Falar sobre “arte” genuína, em uma sociedade onde a palavra “cultura” perdeu um pouco de sua dimensão, os termos acabam  misturando-se e esvaziando suas especificidades, que entendo ser primordial para o avanço, tanto de um como de outro. Quando falo em “Cultura”, sendo bem sucinta, refiro-me ao “modo de vida” de uma sociedade/comunidade/grupo, seus hábitos, costumes, tradições, “repetições”, já quando cito “Arte”, quero falar de “invenção”, novos olhares, diferente de tudo que é conhecido ou, no mínimo, a busca de “outras possibilidades de relacionamentos”, esta inquietação, este “atrevimento”, é inerente ao espírito do artista, digo isto, porque sinto na nossa bailarina, esta “ousadia” e disponibilidade para novas experiências, esta vontade de transgredir, de ir além. Adriana tem projetos para ampliação da Escola, de trazer os “Folguedos” para um trabalho de dança contemporânea e o que considero mais urgente: a volta dela aos palcos, com um espetáculo solo (o artista ocupando seu espaço e deixando um pouco a sala de aula. Simplesmente “MARAVILHOSO”). Foz necessita, tem público sedento de arte, de provocações que nos tirem do “eixo” e tem potencial para tornar-se um grande celeiro de talentos e desenvolvimento artístico. “As flores do nosso jardim são tão, ou mais, coloridas e perfumadas que as do jardim do nosso vizinho”, não é preciso ser especialista para perceber, é urgente abrir o espaço, fomentar produções, celebrar o novo, aplaudir quando o trabalho é honesto, verdadeiro, singular e acima de tudo permitir e acreditar.           
                 Voltando à dança, em outras palavras, seja o clássico ou contemporâneo, não importa a tendência, o que interessa verdadeiramente é que o movimento flua livremente, que expresse a essência única de cada indivíduo, cada um dentro de suas potencialidades e limitações, que a dança possa derrubar bloqueios herdados por uma cultura da “lei do menor esforço”, uniformizada e padronizada em busca da praticidade.
 Como afirmou Klaus Vianna:          
    
“a dança se faz não apenas dançando, mas também pensando e sentindo: dançar é estar inteiro”.


Contato: ciadocorpo.ca@gmail.com  fone (45) 3027 0654














terça-feira, 30 de julho de 2013

LEMINSKIEI-ME...





A exposição "Múltiplo Leminski" que está no Ecomuseu, nos coloca dentro do universo Leminskiano permitindo contato com a obra do poeta paranaense, em todas as suas manifestações.
Poesia feita a "golpes de Karatê" -  a palavra escrita/dita por ele,carrega outro sentido, além do semântico,  toda força de um verdadeiro samurai - falar de poesia, falar de Paulo Lemisnki, seria servir água na madrugada, na mesa de um bar - é poesia para beber a tragos largos, embriagar-se e voltar a vida "cambaleando",  tentando manter-se em pé.




















                     "Vazio agudo
                     ando meio cheio de tudo"


Fotos: Beto Prestes e Wynia Lopes

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Fotografia como linguagem poética



                                                                                Fran Rebelatto (foto Susana Leite)




                    Durante minhas leituras sobre fotografia, sobre o fascínio que exerce nas pessoas, sobre sua democratização através da facilidade que a era digital nos trouxe, sobre esta nova maneira de “escrever a história pessoal”, encontrei a “MIKSANG”, palavra tibetana que quer dizer “bom olho”. A Fotografia MIKSANG, mais que um estilo, é também um exercício de meditação, acima de tudo é a contemplação do cotidiano, sem julgamentos, sem pré-conceitos, é estar presente, perceber que entre um ponto e outro, existe um caminho e justamente aquilo que encontramos no caminho, interessa nesta prática, em “outras palavras”, as coisas “simples”, como diria Manoel de Barros, as “insignificâncias”, os “nadas” –  que somente quem contempla percebe suas grandezas e transforma em poesia (esclarecendo que a imagem na maioria das vezes não vem acompanhada da palavra, o poema escrito, é uma opção).
Para minha surpresa, encontrei nas redes sociais, uma fotógrafa residente em Foz do Iguaçu, que está desenvolvendo um trabalho neste sentido, um desafio de 365 dias (2013) que batizou de “FOTOPOESIA” – o projeto consiste em captar uma imagem a cada dia, “via Iphone”, conforme seu humor, estado de espírito, “desassossego” e a partir dela, da imagem, “poetar” (às vezes acontece o caminho inverso, partindo da palavra -poema ou frase poética- ela sai em busca da imagem perfeita que juntas “palavra e imagem” representem aquele sentimento).     
                    Fran Rebelatto, além de fotógrafa formada em Comunicação Social - Jornalismo, com mestrado em Antropologia é Realizadora Audiovisual e Professora de Cinema e Audiovisual na UNILA. Gaúcha natural de Charrua, onde viveu até seus 16 anos em comunhão com a natureza, com os animais, com a terra e tomando banho nos rios. Filha de pais “musicais”, sonhou ser “contadora de histórias”, aprendeu com as estações do ano, como a luz do sol se apresentava em cada uma delas, se encantou com cores e contrastes e se alimentava de livros, em especial de Érico Veríssimo e o romance “CLARISSA”, onde descobriu o mundo das imagens, a partir daí, estreitou sua relação com elas (as imagens). Em Santa Maria, onde fez a faculdade, trabalhou como foto-jornalista, fotografou espetáculos de teatro, expôs alguns trabalhos, se interessou pela fotografia antropológica, tendo como referência o trabalho do fotógrafo Sebastião Salgado.
                   Atualmente está em fase de Pré-produção em dois projetos de cinema: “Às Pedras Baixas´” – estética da solidão e do abandono do campo (longa, sobre a cidade onde nasceu) e “Do Amor: Pequenas Coisas” (curta, financiado pela Itaipu,que será filmado em agosto deste ano), além de fazer parte da equipe de produção do projeto “CURTA Iguaçu”
Sobre fotografia, penso que em todas as vertentes, o olhar do fotógrafo e a “boa ideia”, precedem o equipamento e a técnica, sem descartar, absolutamente, o que isso pode agregar ao resultado do trabalho. Como “expressão artística”, que é o caminho que Fran escolheu, é imprescindível o “olhar poético” aguçado e isso ela tem de sobra, há poesia em sua visão política, em seu entendimento da “fronteira”, em sua relação com a cidade e o espaço que ocupa. Quando peço uma imagem que, para ela, represente Foz do Iguaçu, ela me entrega o céu, com todas as suas cores e os desenhos formados pelas nuvens.  “O céu desta cidade é especial, diferente dos outros”, diz ela. Quanta poesia!
                    Escolhemos, com dificuldades, algumas imagens para publicar, do projeto de FOTOPOESIA (trabalho que ao final dos 365 dias deve virar livro e/ou exposição), todas são especiais e carregadas de sentimentos que possibilitam várias leituras, tanto separadas (a imagem da palavra) como juntas, nos propondo um terceiro caminho. Sem dúvida a “gaucha de Charrua” conseguiu realizar o sonho de menina, através de imagens, transformou-se em uma grande “contadora de histórias”.  
 
“Todas as coisas cujos valores podem ser disputados no cuspe, à distância, servem para poesia”
(Manoel de Barros)

Contato: fran.rebelatto@hotmail.com







                                     Gosto desse amor... desse que se revoa... chega leve como cócegas
                                     nos pensamentos toma forma de água / borboleteia em meus pés
                                     e depois foge:
                                     como quem um dia vai embora...

                                                            
                                                      Dedico ao meu irmão...  


                                                                      Dá-me solo cinco minutos
                                                                      antes de macharme sola...
                                                                      pela garganta

                                                                      Dame



                                               do outro lado do duplo ensejo de viajar-se na face oculta da estrada
                                                       vazia do estranho desconhecido que é nosso próprio outro... 

quinta-feira, 18 de julho de 2013

AVEduo




Da capital

              Uma brasileira apaixonada por música argentina e uma argentina apaixonada por música brasileira encontram-se em Curitiba e nasce o “AVEduo”, que possui um trabalho musical de primeiríssima qualidade, 2 cd’s e 1 dvd gravados e tem conquistado plateias em apresentações dentro e fora do estado. Andréa Bernardini(BR) e Viviana Mena (AR), são responsáveis pela pesquisa, seleção de repertório (que abrange música popular sul-americana, música ritualística e músicas infantis de autoria do Duo), arranjos, interpretação e direção dos Shows com vários formatos: “Mujeres Latinas e Ave Mujeres” (um passeio musical pela América do Sul, destacando cantoras/compositoras como, Mercedes Sosa, Violeta Parra, Chabuca Granda, Elis Regina entre outras), “Tributo à Mercedes Sosa” (uma seleção do repertório consagrado pela cantora argentina), “Mercedes & Elis” (canções do repertório das duas maiores vozes femininas da América Latina), “Cantos Sagrados” (músicas indígenas e xamânicas das Américas, de outros povos milenares e composições próprias) e “AVE Crianças!” (para o público infantil)

              Os arranjos criados pelo AVEduo para duas vozes, violão e percussão, conferem aos espetáculos uma sonoridade única, intimista, feminina e extremamente poética.

              Tive a oportunidade de ver e ouvir Andréa e Viviana, realmente momentos mágicos, transcendentes. Torço para que em breve possamos tê-las aqui, cantando, tocando e encantando na terra das Cataratas. 

Contato: aveduo@hotmail.com  /  vivimena@hotmail.com

Foto: AVEduo no Show “Mercedes & Elis” – por Alice Rodrigues