Quando fazia faculdade de
Artes Cênicas, tive um professor que dizia: “não importa o assunto, se for
estudado amplamente, agrega conhecimento de um modo geral, “tudo tem a ver com o todo”, pude novamente comprovar
isso, pesquisando sobre o tema que escolhi para esta semana: TATUAGEM. Há
registros da prática de tatuagem em civilizações de mais cinco mil anos - o
caso de “Otzi,” O Homem do gelo, encontrado em 1991 nos Alpes -, em múmias do antigo
Egito, o que reforça a afirmação de Darwin que “nenhuma nação desconhecia a
arte da tatuagem”,
cada povo com seu propósito e sua técnica. Podemos perceber, através de
leituras, a relação com a natureza, com Deus, com hierarquia social, para
simbolizar força, coragem, beleza e até “feiura”, como no caso das
“Mulheres da Birmânia”, onde os mais velhos tatuavam o rosto das jovens para
que estas não fossem levadas pelos reis ou o caso dos integrantes da YAKUZA,
dos presidiários russos, dos presos brasileiros, descritos no Livro Estação
Carandiru, no qual Dráuzio Varela detalha o significado de cada marca nos
detentos. Histórias curiosas, divertidas e algumas vezes tristes, percebemos no
meio disso tudo, a ação devastadora de sonhos e crenças praticada pelo
“conquistador”. As transformações da técnicas e a utilização em cada sociedade,
a evolução até chegar no aperfeiçoamento (equipamento atual) da maquina
inventada por Thomas Edson, a preparação de pigmentos nas tribos primitivas, o
uso da própria urina do tatuado (presídios brasileiros), misturada a cinzas de
borracha queimada, a crença da necessidade de que o número de tatuagens no
corpo seja ímpar, tatuados que vendem a pele para colecionadores, um universo
rico e interessantíssimo a ser descoberto.
Wina Brasil, tatuadora há onze anos
na cidade e quem indicou grande parte do material de pesquisa, conversou comigo
a respeito dos cuidados, da higienização do ambiente de trabalho e do material,
da qualidade dos produtos utilizados, da responsabilidade da profissão, que
interfere de forma permanente na estética corporal do cliente e o que mais me
chamou atenção, “a escolha da imagem a ser tatuada”. A definição do desenho,
símbolo/signo, que irá acompanhar o “tatuado” para o resto de sua vida. A
tatuadora, conta-me que a primeira conversa que tem com a pessoa que solicita
seu trabalho, é a respeito da relação da imagem escolhida com a sua história
pessoal, com o caminho que escolheu trilhar. Wina diz, que se não há uma real
identificação, a tatuagem pode enjoar logo, acontece principalmente quando a
opção é por simples “modismo”, mas que maioria dos clientes já estão decididos
e pesquisaram o significado da imagem que escolheram, que geralmente está
relacionado, com uma crença, uma homenagem, uma marco para uma nova fase, as
explicações são as mais diferentes possíveis, assim como o significado dos
símbolos, que variam conforme a cultura nas quais estão
inseridos, a posição que estão colocadas e até a parte do corpo que serão
“impressas”, desde, dragões, tigres, corujas, apanhador de sonhos,
ganeshas, mandalas, Kanji, caveiras mexicanas, hannyas, o polêmico “olho que
tudo vê”, até moranguinhos, cerejinhas,borboletas, corações, rostos de
pessoas queridas enfim, uma infinidade de imagens e símbolos colorindo e
alterando o corpo de quem os carrega.
Ideologia, fé, gratidão, poder,
vício, “gosto”, ou outro motivo qualquer, uma imagem tatuada por um bom
profissional e acertadamente escolhida, dá um charme particular, levanta o
astral, pode ser uma inspiração para o dia-a-dia. Como diz Wina Brasil,
“colorir o corpo e levar cor para a alma”
Wina Brasil
Wina Brasil
mulher da Birmânia, com o rosto tatuado
Maud Wagner - provável primeira tatuadora norte americana
tatuagem no globo ocular - (Luna Cobra)
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