quarta-feira, 31 de julho de 2013

Dançando a vida com Adriana Gomes

           






              Considerada a mais antiga das manifestações artísticas, a dança esteve presente em rituais sagrados, em casamentos, em funerais, na preparação de guerreiros, dançava-se em agradecimento pelas vitórias, para que viesse a chuva, para receber as estações do ano, para semear e colher, enfim, dançar tem sido ao longo do tempo, comunicar, encantar, relacionar-se com o sagrado, com o outro,  estar em harmonia, em equilíbrio (mente e corpo), dançar é celebrar a vida, dar espaço para que o espírito desenhe seu movimento, escreva seus anseios no espaço.
               Não podemos datar exatamente, quando surgiu esta expressão humana, mas através de pinturas de povos primitivos, podemos ter uma ideia da “idade” deste exercício tão prazeroso e das modificações que sofreu durante toda a “evolução”.  Presentes nos principais acontecimentos e festividades, ainda hoje, dançarinos/bailarinos, vêm seduzindo o público e em festas mais “populares”, convidando-o para entrar na roda, tornando todos, um único corpo e restituindo o elo perdido com a própria essência.
               Nesta opção em escrever sobre a Dança, tive a felicidade de conhecer Adriana Gomes, uma artista do movimento, com sua dança visceral, dramática e ao mesmo tempo, leve, graciosa e carregada de sentimentos, nela tudo dança em perfeita harmonia, seus olhos, suas mãos, seu coração, impossível presenciar e não sair modificado é contagiante e verdadeira.  Formada em Educação Física pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), fez especialização em dança pela Universidade Gama Filho em Florianópolis, viveu a vida dançando, bailarina clássica, não esconde sua paixão pela dança contemporânea, pela liberdade, teatralidade e simplicidade que a vertente permite e tem como referências os trabalhos de Pina Bausch e Deborah Colker. Atualmente está à frente como proprietária, professora e administradora, de um Centro de Artes, que oferece além de 14 modalidades de dança, experiências nas áreas de teatro, circo e contato com cenografia voltada para espetáculos de dança, tudo em um mesmo espaço convivendo de forma interdisciplinar e esta maneira de conduzir o trabalho, tem rendido belos frutos, com grupos de alunos participando do Festival de Dança de Joinville – considerado o maior da America Latina- ainda, alunos que passaram pela escola fazendo parte do Balé Guaíra e no Núcleo BOLSHOI, de Joinville.
                Falar sobre “arte” genuína, em uma sociedade onde a palavra “cultura” perdeu um pouco de sua dimensão, os termos acabam  misturando-se e esvaziando suas especificidades, que entendo ser primordial para o avanço, tanto de um como de outro. Quando falo em “Cultura”, sendo bem sucinta, refiro-me ao “modo de vida” de uma sociedade/comunidade/grupo, seus hábitos, costumes, tradições, “repetições”, já quando cito “Arte”, quero falar de “invenção”, novos olhares, diferente de tudo que é conhecido ou, no mínimo, a busca de “outras possibilidades de relacionamentos”, esta inquietação, este “atrevimento”, é inerente ao espírito do artista, digo isto, porque sinto na nossa bailarina, esta “ousadia” e disponibilidade para novas experiências, esta vontade de transgredir, de ir além. Adriana tem projetos para ampliação da Escola, de trazer os “Folguedos” para um trabalho de dança contemporânea e o que considero mais urgente: a volta dela aos palcos, com um espetáculo solo (o artista ocupando seu espaço e deixando um pouco a sala de aula. Simplesmente “MARAVILHOSO”). Foz necessita, tem público sedento de arte, de provocações que nos tirem do “eixo” e tem potencial para tornar-se um grande celeiro de talentos e desenvolvimento artístico. “As flores do nosso jardim são tão, ou mais, coloridas e perfumadas que as do jardim do nosso vizinho”, não é preciso ser especialista para perceber, é urgente abrir o espaço, fomentar produções, celebrar o novo, aplaudir quando o trabalho é honesto, verdadeiro, singular e acima de tudo permitir e acreditar.           
                 Voltando à dança, em outras palavras, seja o clássico ou contemporâneo, não importa a tendência, o que interessa verdadeiramente é que o movimento flua livremente, que expresse a essência única de cada indivíduo, cada um dentro de suas potencialidades e limitações, que a dança possa derrubar bloqueios herdados por uma cultura da “lei do menor esforço”, uniformizada e padronizada em busca da praticidade.
 Como afirmou Klaus Vianna:          
    
“a dança se faz não apenas dançando, mas também pensando e sentindo: dançar é estar inteiro”.


Contato: ciadocorpo.ca@gmail.com  fone (45) 3027 0654














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