Um “novo amanhecer” desenha-se no horizonte de Foz do
Iguaçu, com a chegada desta riquíssima manifestação cultural que nasceu em
Pernambuco, provavelmente no século XVIII, a partir de elementos da cultura
negra trazida pelos escravos de várias regiões da África (nações), juntando-se
aos costumes dos povos europeus em especial o português e o espanhol e com uma
pitada de tempero indígena: o Maracatu.
Cortejo, acompanhado de música (essencialmente percussão), canto e dança,
com personagens definidos, rei, rainha, príncipes, princesas, baronesas,
duques, embaixadores, porta-estandarte - que carrega a bandeira da
“nação/grupo” – baianas, damas-do-paço, que levam as “calungas” – bonecas gigantes que
representam antepassados – entre outros personagens “menores”, uma festa folclórica com raízes religiosas, que toma
conta dos festejos de carnaval, principalmente em Recife e Olinda, com adeptos
e grupos reconhecidos e atuantes, espalhados por todos os estados brasileiros,
marcando o resgate e reconhecimento da
identidade deste povo de grandiosa diversidade cultural.
Alison Capelari, responsável pela formação do “Alvorada
Nova”, há mais de cinco anos, dedica-se ao estudo e prática do Maracatu, teve seu primeiro contato em Londrina, através
de um grupo de universitários, participou de oficinas com profissionais vindos
de Recife, formou grupos, trabalhou em projetos sociais e convidado pela
Fundação Cultural, chegou no início deste ano na nossa cidade, com o objetivo
de fortalecer e divulgar o Maracatu na região. Com aproximadamente 40 participantes, o grupo
começa a tomar forma, já participaram da oficina de construção de “alfaias”, tambores
que marcam o ritmo das “toadas” (canções entoadas durante o cortejo) e cada
participante começa a definir seu papel dentro deste universo, que diz tanto
sobre nosso passado, nos ensina a reconhecer e aceitar o outro e permitir
“alteridades”. Como educador social, nosso
“Mestre da Percussão”, com o olhar sempre voltado para inclusão, vê nesta
oportunidade, possibilidades da formação de um movimento que além da
valorização dos folguedos tipicamente brasileiros, levante a bandeira contra o
“preconceito” em relação a manifestações de origem africanas e indígenas, que
ainda é significativo, embora “apreciemos com satisfação, um delicioso quindim,
pé-de-moleque, acarajé, mandioca, tapioca preferencialmente deitados em uma
bela rede”, um tanto “deselegante”, para um país que tem como principal
característica a mistura de raças.
Neste primeiro momento, explica Alison, a preocupação é
envolver as pessoas com a dança e a música, para depois, com os participantes ampliando
seus conhecimentos sobre a história, formação, as diferentes vertentes desta
celebração e domínio dos instrumentos, desenvolver e trabalhar a questão
“teatral” de personagens, da própria coroação dos reis (encenação da história),
das coreografias específicas, figurinos e todos os detalhes que envolvem uma
legítima apresentação de Maracatu. Enquanto
este dia não chega, todas as terças 20hs e sábados 13hs, no Teatro Barracão, o ritmo
toma conta do ambiente, tambores, caixas, gonguês, atabaques, agbês, soam cada
um em seu timbre, o Mestre puxa o canto, o coro responde cantando, tocando e
dançando, impossível não se envolver na energia que pulsa com a batida do
coração e leva alegria pelas veias. Viva
as festas populares! Viva as diferenças!
Viva o MARACATU!
“O melhor produto
do Brasil, ainda é o brasileiro” (Câmara Cascudo)
Alison Capelari http://www.facebook.com/alison.capelari?fref=ts
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